PASTOR |
A REBELIÃO DE CORÁ
Números capítulo 16
Esta foi uma rebelião promovida por um levita, Corá. Bisneto de Levi, ele sem dúvida tinha muita influência e autoridade, pois conseguiu reunir atrás de si duzentos e cinqüenta homens de renome, líderes do povo.
Inflado pela sua posição, Corá promoveu uma demonstração de força diante de Moisés e Arão a fim arrancar-lhes a autoridade, exclamando que Moisés e Arão se exaltavam indevidamente sobre o povo, onde todos eram iguais. Sem dúvida Corá ambicionava tomar o lugar deles, colhendo para si e para a sua família vantagens políticas e financeiras. Ele e os seus comparsas, Datã e Abirão, insuflaram o povo alegando que Moisés e Arão haviam feito Israel subir de uma terra que mana leite e mel (o Egito) para fazê-los morrer no deserto e ainda por cima queriam fazer-se príncipes entre eles!
O que alegavam era mentira, sem qualquer fundamento: Moisés não estava assumindo a liderança por vontade própria. Ele relutou bastante antes de aceitar a missão que o SENHOR lhe confiara, e Arão foi também nomeado pelo SENHOR porque Moisés queria alguém que o ajudasse. O povo já teria entrado na terra de Canaã não fosse a sua incredulidade. Moisés nada queria para si, ao contrário de Corá, que provocou esta rebelião por inveja.
O SENHOR havia definido a posição e o ministério de cada um, inclusive o de Corá, um coatita (Êxodo 6:16,18; Números 3:17,28,29,31; 4:36; 26:57,62). Uma rebelião como esta era coisa muito séria, e era necessário tomar medidas drásticas.
Ainda hoje, as igrejas continuam a ser perturbadas pela inveja que surge entre alguns dos seus membros, resultando em rebelião contra seus líderes e mesmo na divisão da igreja. É por isto que somos instruídos a nos revestir de humildade e mansidão (Colossenses 3:12). Toda a autoridade na igreja vem de Deus, e cada um de nós recebe dele dons espirituais diferentes para exercermos dentro da igreja (1 Coríntios 12). Alguns vaidosamente querem uma posição destacada, sem reconhecer que Deus não os quer lá, porque lhes falta o talento necessário. Aqui temos uma lição importante para tais pessoas.
Moisés, em sua mansidão, não retrucou com invectivas nem procurou defender sua posição. Com toda a humildade, ele propôs deixar para que o SENHOR indicasse quem era o santo da sua escolha, quando Corá e os homens do seu grupo deitassem incenso no dia seguinte diante dEle, junto com Arão (era uma das funções sacerdotais). Moisés sabia o que os havia motivado - embora já tendo um cargo importante no Tabernáculo, eles queriam a liderança exercendo o sacerdócio. Ele os repreendeu por isso e lembrou-os que estavam agindo contra o SENHOR.
Ninguém toma esta honra para si mesmo, senão quando chamado por Deus, como aconteceu com Arão (Hebreus 5:4). Era uma tentativa de criar uma ordem sacerdotal sem a aprovação divina (Hebreus 5:10). Foi o que fizeram os nicolaítas na era cristã (Apocalipse 2:6,15), dividindo uma irmandade em que todos são iguais, em duas castas, a do clero e a dos leigos, e arrogando-se títulos para diferenciar-se dos outros (Mateus 23:8-10).
O Novo Testamento nos ensina a reconhecer os dons de ministério (1 Coríntios 12:4-31; Efésios 4:8,11,12) e os supervisores (anciãos, presbíteros, bispos) e os diáconos (1 Timóteo 3:1-13; Tito 1:5-9), o que é totalmente diferente do que o clero se arroga para si.
Datã e Abirão não quiseram cooperar neste teste e fizeram acusações maliciosas contra Moisés e Arão. Se tivessem seguido ao mando de Moisés eles já estariam desfrutando da verdadeira terra que mana leite e mel, que não era o Egito onde eram escravizados.
Moisés desta vez irou-se com tamanha injustiça e declarou diante de Deus a sua inocência.
O juízo do SENHOR veio, severo e rápido. Não fosse pela intercessão de Moisés e Arão, Ele teria consumido a congregação toda. Os rebeldes principais, Corá, Datã e Abirão foram mortos com as suas famílias e seus bens mediante a abertura sobrenatural de fendas na terra embaixo de suas casas, que se fecharam em seguida, sepultando-os vivos.
Mas os filhos de Corá foram poupados (capítulo 26:11). Esta foi a prova que Moisés deu ao povo que o SENHOR o enviara a realizar tudo o que havia feito, que não havia procedido dele mesmo (v.28).
É notável como o SENHOR os julgou: porque eles procuraram separar o povo, o SENHOR os separou do povo e depois separou o solo debaixo deles para que fossem tragados. Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará (Gálatas 6:7).
O juízo sobre os duzentos e cinqüenta homens foi o mesmo que acontecera antes aos filhos de Arão que apresentaram incenso indevidamente diante do SENHOR (Levítico 10:2): foram consumidos por fogo vindo do SENHOR. Ficou Arão, o legítimo titular da posição de sumo-sacerdote.
A mando do SENHOR os incensários desses homens, feitos de metal, foram fundidos e convertidos em lâminas para cobertura do altar, por memorial para que nenhum estranho, que não fosse da descendência de Arão, acendesse incenso perante o SENHOR.
É abominável para um homem ou um grupo revoltar-se contra a ordem que Deus estabeleceu, e introduzir algo para dividir o seu povo. O juízo do SENHOR virá certamente sobre tais pessoas.
Mas o povo culpou Moisés e Arão pelas mortes dos rebeldes, e, logo no dia seguinte, iniciaram nova murmuração ajuntando-se contra Moisés e Arão.
Sua atitude lhes trouxe ainda maior castigo. É de admirar como o povo aparentemente tinha dificuldade em compreender que o SENHOR era quem os estava disciplinando para que aprendessem a confiar nEle e a obedecê-lO. Era realmente um povo de dura cerviz, como o Senhor havia declarado antes a Moisés (Êxodo 32:9, etc.).
O caminho para a rebeldia começa com a falta de contentamento e o ceticismo, passa para as reclamações contra as circunstâncias e contra Deus, depois adquire amargura e ressentimento, seguidos finalmente por rebelião e hostilidade. Vigiemos se estivermos descontentes, cépticos, inclinados a reclamar ou a ficar ressentidos: estas atitudes nos levarão a nos rebelar contra Deus e as conseqüências serão sérias para nós.
A Glória do SENHOR novamente apareceu, como em todas as outras ocasiões, dentro da nuvem que desceu e cobriu a tenda da congregação. Outra vez coube ao injuriado, Moisés, interceder pelo povo. Mas a ira do SENHOR foi tal, que Ele começou a castigar o povo com uma praga mortal.
Foi preciso que, a mando de Moisés, Arão oferecesse expiação pelo povo, pondo fogo do altar em seu incensário e correndo entre o povo, deitando incenso nele à medida que corria, finalmente parando entre os mortos e os vivos. Morreram catorze mil e setecentas pessoas por causa da praga. Isto nos lembra que é Aquele que a raça humana pregou numa cruz que nos salva. Ele está de pé entre Deus e o pecador.
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