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terça-feira, 8 de novembro de 2011

EDIÇÃO 385 O TEMPO Kairós e Cronos



Kairós e Cronos
Tempo de Deus, tempo do homem
Eclesiastes 3:1 “TUDO tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. 2 Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou; 3 Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar; 4 Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar; 5 Tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar; 6 Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de lançar fora; 7 Tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar; 8 Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz. 9 Que proveito tem o trabalhador naquilo em que trabalha? 10 Tenho visto o trabalho que Deus deu aos filhos dos homens, para com ele os exercitar. 11 Tudo fez formoso em seu tempo; também pôs o mundo no coração do homem, sem que este possa descobrir a obra que Deus fez desde o princípio até ao fim. 12 Já tenho entendido que não há coisa melhor para eles do que alegrar-se e fazer bem na sua vida; 13 E também que todo o homem coma e beba, e goze do bem de todo o seu trabalho; isto é um dom de Deus. 17 Eu disse no meu coração: Deus julgará o justo e o ímpio; porque há um tempo para todo o propósito e para toda a obra”.

Isaías 60:22 . . . eu, o SENHOR, ao seu tempo o farei prontamente.

Perante a tão conhecida frase “não tenho tempo”, achei bom falar dos dois tipos de “tempo” que fazem parte da nossa vida humana, embora ultima¬mente tão desumanizada pelo consu¬mismo e individualismo.
Os gregos para definir o tempo usaram duas palavras: “kairós” para se referir ao tempo de Deus e “Cronos” para falar do tempo convencional criado pelo homem.

Algumas características destes dois tipos de tempo

Kairós Tempo qualitativo.
Tempo vivido. É o aqui e agora. O tempo de Deus. Tempo oportuno. Tempo certo. Tempo ideal. Tempo duradoiro. Tem¬po que só Deus conhece. Tempo que não pode ser medido. Tempo responsável para nos fazer apaixonar, para nos fazer mudar, para nos fazer saltar mais além. Tempo do sonhador. É o tempo aperiódico, harmonioso e orgânico. É o tempo que leva um ho¬mem a mudar a direcção da sua vida. É o tempo que me faz descobrir o meu SER, o quem eu sou.
Cronos Tempo quantitativo. Tempo medido. Mede-se por horas, minutos e segundos. Tempo linear e mecânico. Tempo que acaba. Tempo passageiro e transitório. É o tempo que mede o meu FAZER.

Cronos versus Kairós
O grande desafio que hoje somos chamados a enfrentar é o facto de parar a forte pressão de morte que o tempo cronológico impõe ao nosso respirar, pois o tempo vivido um segundo atrás já não existe. Esta experiência leva-nos muitas vezes ao frenesim de sentir que não temos tempo para nada, nem para nós próprios. Que tristeza e como compreendemos mal o ver¬dadeiro “viver”! “Eu vim para que tenham vida em abundância” disse Jesus, Jo 10:10 em contraste com a nossa pobre percepção de sentir que a vida corre e muitas vezes acaba sem se deixar saborear. Fomos criados ou feitos para viver do “para sempre e para sempre”. Mas vivemos e conformamo-nos com o imediato e transitório, que só nos deixa um sabor de morte.

Uma das grandes crises do mundo em que vivemos é que as pessoas deixaram de questionar-se sobre as suas próprias vidas, isto é aspirações e sonhos duradoiros. O tempo cronológico pegou as rédeas do pensar e sentir humano, que até parece que as nossas vidas estão marcadas ou condenadas de maneira categórica. Não há espaço nem tempo para a paixão de tornar os sonhos realidade. São tantas as preocupações superficiais que os dias, horas, minutos e segundos já não chegam.

Às vezes precisamos de dias mais compridos. Eu pergunto-me: Para quê tudo isto? De que vale ao homem ganhar o mundo ou o tempo inteiro, se perder a sua vida?

Perder a vida é perder o “kairós”, o tempo oportuno ou o tempo ideal para sonhar e descobrir qual é o meu lugar no mundo, para que “missão” fui chamado nesta vida. A resposta lamentavelmente não se encontra no êxito duma carreira ou num status social da vida, e menos ainda no simples e grande facto de termos dado o nosso “sim” numa vocação concreta. O segredo da própria felicidade está na grande “força interior” que mexe dia após dia todos os nossos sentidos, e leva a vida toda a experimentar a ver¬tigem de se entregar por uma causa sublime até à última consequência. É urgente parar e perguntarmo-nos em que sonhos andamos a investir ultimamente o nosso tempo. Se as nossas vidas dependem somente dum relógio, dum horário, dum programa ou duma rotina que não têm como alicerce um sonho duradoiro, corremos o risco de estar a perder o “kairós”, o tempo oportuno que Deus nos dá para sermos verdadeiramente felizes na presença D”Ele

O nosso modelo de comportamento neste tempo de Deus não deve se adequar ao mundo, mas ao Senhor Jesus. Paulo nos orienta a não permitirmos que nos enquadremos no modelo do mundo:
Rm 12.1.Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.2. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.

Que Deus te abençoe. . .

Um comentário:

Anônimo disse...

Achei a definição de tempo kairós poética. Bonita mas pouco pertinente. O tempo definido dessa forma pelos gregos se contrapõe ao tempo convencional, ou seja o cronológico, aquele que pode ser medido. É, na verdade, o passado, presente e futuro ocorrendo ao mesmo tempo. "...aquele que era, aquele que é, aquele que há de vir."